quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Apertos de mão, uma ciência incontornável

Encontrei um texto no imundo sótão do meu computador, estava repleto de pó e já deve ter uns bons séculos de existência (bastante credível), aqui está limpinho e pronto para ler:



Olá outra vez. Vou expôr aqui o meu tema com uma breve mas útil introdução. Ora, como todos sabem, os temas falados nos magníficos trabalhos apresentados são de uma extrema irrelevância. Aquecimentos globais, violências nos desportos, crises económicas, ministras da educação e as suas medidas idiotas, isso tudo está incluído num leque vasto de temas que não interessam nem ao menino Jesus, embora se o tema fosse como transformar água em vinho, talvez o agradasse. Mas isso são temas que se apresentem? Ridículo. Mas isto são os temas dos textos argumentativos/livres dizem eles. E os temas dos poemas e seus derivados? Ui, isso aí ainda é melhor. Amor, amizade, mensagens idiotas resumindo. E que tal falar de algo que realmente interesse a nível mundial, ou até, atrevo-me a dizer, a nível universal? Era uma excelente ideia e é por isso que escolhi para tema deste texto os brilhantes, únicos, esplendorosos, rápidos, ágeis, brutais, ferozes, vigorosos apertos de mão. Pois, os apertos de mão têm muito que se lhe diga, e são obviamente tema para ficar a a falar 3 semanas seguidas sem parar nas vírgulas ou pontos finais ou qualquer outro tipo de pontuação.
Analisando profundamente esta bela expressão conseguimos concluir que é formada por 2 palavras e um emplastro, o “de”. A primeira palavra, aperto, a segunda, mão. O significado de apertar é unir, anulando os espaços entre algo, comprimir, portanto aperto de mão vai consistir numa união anulando os espaços entre as mãos, comprimindo-as. E quando digo mão, digo mesmo a mão toda, e o aperto é mesmo aperto à homem. Depois desta fase em que as mãos se juntam, chega a altura de mover ambas as mãos para cima e para baixo, com movimentos rápidos e curtos, qual convicta agitação de um iogurte . Apesar deste acto parecer estupidamente simples há quem não consiga acertar com ele. Há mesmo quem, em vez de estender uma mão bem esticada e pronta para um aperto vigoroso, estende 3 dedos, e estes estão frouxos. E em vez de fazer os movimentos para cima e para baixo, faz aquilo que está muito perto da designação de festinha na palma da mão. O conceito de aperto de mão perde-se completamente e este passa a ser desprezado e torna-se quase um gesto automático e não bem pensado como deveria ser.
O aperto de mão tem diversas utilizações como todos sabemos:
- Serve para cumprimentar, é utilizado no acto de cumprimentar uma pessoa (é o seu uso mais frequente);
- Serve para congratular alguém, dar os parabéns por alguma coisa;
- Para finalizar um acordo, como por exemplo uma aposta.
Por estes usos verifica-se que este gesto é bastante importante no nosso dia-a-dia, e há que fazê-lo da maneira correcta.
Tem também diversas denominações para além do mais correcto aperto de mão.
O termo mais frequente que se ouve por aí deambulando nas ruas é o vulgar passou-bem. Para mim esta expressão é talvez a mais idiota de sempre para se referir ao que se refere. Qual a possível origem deste nome? Obviamente o facto de quando se cumprimenta uma pessoa perguntar-se geralmente se está tudo bem, se passou bem. Mas afirmando que o cumprimento é em si um passou-bem, então significa que quando cumprimentamos alguém com todo o rigor da expressão estamos a dizer que essa pessoa passou bem obrigatoriamente. Ao dar um passou-bem, afirma-se que se está bem. Isto é uma falácia bem nutrida sem dúvida.
Outra das suas denominações é aquela que se ouve em lugares que tenham pessoas por volta dos 50 anos e sexo masculino, nomeadamente cafés, tascas. Aquelas pessoas que fazem um ruído brutal e que já conhecem os empregados todos dos locais que frequentam. São aqueles que parece que quase gritam com a sua voz imponente:
- Ora dê cá um bacalhau!!
E aqui temos a denominação: bacalhau. E qual a razão do aperto de mão se chamar bacalhau? Não faço ideia porque para mim as mãos até são mais parecidas com atuns do que com bacalhaus. De facto bacalhau é uma expressão que parece que foi inventada meio à balda, tanto podia ser bacalhau como uma lapa, ou até mesmo o tal atum.
E isto puxa-nos para mais uma espectacular temática do aperto de mão, que é precisamente a sua variedade. O aperto de mão típico: mão e dedos bem esticados, união das mãos intervenientes com polegares lado a lado na horizontal. Este é precisamente o mais correcto e o original, contudo temos outros géneros. O bacalhau de ainda agora, é uma variante do aperto de mão. O bacalhau caracteriza-se por ser bastante mais implacável, ao ponto de chegar não só a abanar as mãos como o corpo todo devido à força aplicada nas mãos e nos braços. Ao entrar no acto do bacalhau com um impulso forte, o abanão inicial começa por ser feito na diagonal, um misto de cima e baixo com esquerda e direita. Este tipo de aperto de mão é executado pela respeitável classe de faixa etária próxima dos 50, falada há pouco.
Outra variante é o aperto de mão efectuado por alguns jovens com aspecto degradável, mais conhecidos na tolerante sociedade por “chungas”. Esta espécie possui um aperto de mão bastante complexo, apesar de parecerem estar carentes de inteligência. Não é um movimento de curta duração, aliás, pode exceder a meia hora se levada ao extremo. É caracterizado por ter um começo parecido ao aperto de mão, mas onde as mãos se cruzam na diagonal, metendo os polegares lado a lado, na vertical. Logo a seguir a fase intermédia que é constituída por diversos jogos de punho e é a mais duradoura. Por fim a fase final constituída pelo aperto de mão modificado do início mas onde os braços se puxam e acabam com um choque de ombros.
Os jovens normais utilizam ainda outro género de aperto de mão, que é apenas uma fracção do género anterior. Mãos na diagonal, levando um balanço inicial através do lançamento do braço a percorrer um ângulo próximo dos 90º. Os braços começam ao lado do corpo e acabam na frente, chocando com o seu par, com os polegares na vertical, lado a lado tal como há pouco. Este choque pode originar um ruído agradável, oco, especialmente se as mãos estiverem em forma de uma admirável concha dos mares.
Parece-nos assim que este tal aperto de mão é feito regularmente, todos os dias, e de facto é suposto que assim seja. Inacreditavelmente, existem pessoas que chegam a não o fazer uma única vez num dia. Não pode ser, eu diria até que sem passou-bem não há vida, e como tal, não executar nem um num dia é quase a mesma coisa que não comer durante um dia, uma autêntica provocação da morte. Pessoas que, inclusivamente, cumprimentam, congratulam e estabelecem acordos sem o recurso ao aperto de mão. Puro escândalo que se vive neste mundo.
Com isto tudo saliento que todas estas formas de apertos de mão e utilizações merecem ser respeitadas porque o aperto de mão é um gesto bonito, útil, e que merece ser conservado até ao fim da Humanidade. Não o desrespeitem, efectuem-no da forma correcta.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mandar foguetes para o ar é tão giro que vou mandar mais 500 esta noite

Passou o ano, o que é que mudou?
- Epá na realidade nada.
Mentira. Mais nojenta poluição invadiu o ar. É verdade, o fogo de artifício, aquela coisa que o ser humano faz porque é giro ver e tal e faz efeitos extremamente engraçados no ar, polui mais do que certas e determinadas coisas que poluem muito.
“O presidente da gestora de resíduos Lipor, Macedo Vieira, afirmou esta terça-feira que «uma noite de fogo-de-artifício em Londres polui mais do que uma incineradora durante um ano», destaca a Lusa.”
Pow! E aí está, uma noite de fogo de artifício em Londres polui mais do que uma incineradora durante um ano! E olhem que estas incineradoras poluem bastante e inclusivamente o pessoal tenta substitui-las por algo que faça menos mal aos bichos do planeta. Agora, vamos lá a ver, uma noite destas em Londres faz isto, então na passagem de ano, onde imensas cidades de proporções avolumadas mandam porcaria que manda cores para o ar para entreter o mais comum dos mortais, este fenómeno é claramente mais drástico. Após uma intensa pesquisa que demorou uma quantidade moderada de segundos descobri as cidades que acolhem os principais eventos do ano novo. São 10, sendo uma delas Londres. Isto resulta no equivalente a 10 incineradoras a carbozinar lixo à maluca durante 365 dias, e se for bissexto, 366. E isto sem contar com o resto das cidades que possuem eventos de moderada importância na altura do ano novo. Contando com esses devem ser 500 incineradoras e 3000 “amaricanos” com SUVs a mamarem gasolina que nem uns cães à procura de cadelas com cio. E portanto acho que isso não é agradável.
Pensado bem, o fogo de artifício é mesmo uma ideia que só podia ser vinda de um ser de raça humana, imagino bem como terá sido o momento em que o maior génio de sempre teve a ideia de lançar foguetes para o ar:
- Epá ó Abelardo, tive agora uma granda ideia.
- Diz lá ó Adalberto, espero que não seja estupidez desta vez, como naquele dia em que disseste que E=mc^2...
- Não pá, isso eu escrevi num papel e dei a um maluco com o cabelo em pé. Mas,
epá, vamos pegar num foguete e mandar ao ar, depois aquilo arrebenta e manda luz e faz barulho.
- Então mas porquê?
- Porque tou contente pá, o meu Benfica ganhou 15-0.
E a partir desse momento sempre que alguém está com um grau de contentação acima do vulgar lança-se foguetes ao ar.
- Passou o ano! Lança aí foguetes para eu ver corzinhas no ar!
- É festa na aldeia, Albertino lança os foguetes!
- Ontem andei no autocarro e não tinha idosas a ocupar-me os lugares todos, foguete para o ar para demonstrar a minha alegria!
Haverá maneira mais idiota de expressar contentamento? Não sei, se não existe passará a existir porque haverá outro Adalberto com uma ideia de puro génio. Estamos todos muito preocupados com o aquecimento global mas depois é isto. Temos pessoas que passam o ano em banho de gelo para alertar para o aquecimento global, mas são essas mesmas pessoas que ficam a olhar com cara de rabo para as corzinhas no ar. Enfim, um contra-senso a que todos estamos habituados tal é a consistência da coerência humana, bem mais consistente que as defecações da minha cadela.
Continuem a gostar dos fogos de artifícios pois são extremamente engraçados e divertidos!