segunda-feira, 14 de novembro de 2011

É possível descer mais baixo

Removendo a ferrugem.. enfim tenho 3 camadas de óxido de ferro em cima das teclas...




Não sei o que se passa em Portugal há muitos anos, então, certo e determinado dia decido saber como tudo está neste país em forma de rectângulo em muito mau estado e ligo a televisão na TVI. A minha reacção foi (mais ou menos assim, talvez um pouco mais dramático e com palavras assaz feias):


- NÃAAAO, BASTOU ESTAR DOIS ANOS FORA E O QI GERAL DE PORTUGAL BAIXOU PARA MENOS DE METADE??!!


Penso que não será muito complicado de perceber qual era o programa que estava a dar no momento em que calmamente e a medo (sim gosto de ter estas duas sensações ao mesmo tempo) cliquei no botão 5 do comando (claro que eu esperava a sic notícias porém os donos da TV têm uma mente extremamente maléfica e lançaram-me uma armadilha porque sabem que no meu perfeito juízo e enquanto não estiver internado no Júlio de Matos nunca carregaria no botão 4).


Não, não foi nenhuma novela, esses estercos em forma de programa já existem há muitos anos e como tal eu já possuía o conhecimento desses sugadores de QI. Dou uma pista: desde o big brother que não se via tamanha azáfama debaixo de um cobertor. Exactamente, é a Casa dos Segredos.


É interessante, aprendi que África é um país da América do Sul e é ao mesmo tempo a capital de Angola e fica a norte de Portugal, e que Arábia é a capital da Arábia Saudita. Depois fui para o teste de Geografia e tive zero. Não percebo porquê, achei o programa extremamente educativo, pelo menos pareceu-me que afirmações vindas de uma mulher que urina na cama eram bastante credíveis. E outra que diz que o continente em que vivemos é a Terra.


Mas não se preocupem pois não é só na área da Geografia que estes indivíduos falham, tanto que não sabem quem é Angela Merkl, não sabem quem é o Primeiro Ministro de Portugal, nem sabem nada sobre nada. É uma vantagem, assim não sabem o quão burros eles são, é uma das duas vantagens que eu vejo de momento. A outra é poderem-se identificar com uma parte significativa dos portugueses, bem como dos compinchas americanos.


Realmente, o saber não impera naquela casa, ou diria melhor, naquele Antro de Descerebrados, e já é a segunda edição, mas Portugal tem muita produção de matéria prima para este programa, podíamos ir até à 500ª edição e mesmo assim possuíamos excedentes com fartura, que bem podíamos trocar com algum país qualquer que ambicione bater o record da média de cérebros mais pequena do mundo, ou então efectuávamos uma rota comercial com o egipto em que lhes dávamos estes seres em troca de papiro.


O público alvo destes programas é facilmente identificável. Sem contar com os jovens que visualizam o programa em questão para obter um bom exercício grátis dos músculos da cara e barriga (não é bem grátis vá, o preço a pagar é redução de neurónios à taxa de 1% por dia), o verdadeiro público deste programa são idosos, mais concretamente, idosas, contudo vejo demasiada gente nova a ver isto, e com um perfil sério. Se fossem só as idosas tudo bem, sem nada que fazer sem ser bisbilhotar a vida de todos os vizinhos do bairro e arredores, até se lhes brilha o olho de felicidade quando se apercebem que podem bisbilhotar a vida de gente a mais de 100 metros delas.


Agora os jovens, a nossa futura civilização, onde todos depositam as esperanças de tornarem este mundo caótico e desprovido de bom senso num mundo melhor, é triste. E fazendo-o não galhofando com as situações do programa, mas sim porque realmente se interessa para saber quem sai da casa e tudo o que lá dentro se passa. Eu sei que isso está muito perto de ser a solução para a resolução para a crise mundial, todavia raspa só ao de leve e isso é o suficiente para não o ser.


Portanto, para saber a actualidade de um país nem sequer tentem ligar a televisão não vá a televisão estar armadilhada e haja o perigo de calhar na TVI e mais precisamente na casa dos segredos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Efectua uma rotação e profere...

Narrações orais são uma perdição. É uma bela frase para introduzir um tema que, em Portugal, está arruinado. O negócio das narrações orais está tão destruído que o país já está em crise. O atentado que se provoca ao contar uma estória através do acto de exalar palavras é tão grande que a maior parte das pessoas não suporta a chacina mental a que é exposta... Mentira, suportam, e suportam tanto que fazem o mesmo. Eu é que não suporto, já me ocorreu o suicídio, mas julguei que não iria afectar nada pois os restantes indivíduos se manteriam inalterados, e a minha intenção é não só poupar-me à chacina mental como erradicar o uso da expressão que causa o atrofio dos neurónios. E eu vou exemplificar:


‘Tava o manel a comer bolachas e vira-se e diz
.........................................................................................Faleci por instantes mas consegui. Isto é a causa, esta expressão mata milhares de pessoas na China por dia, porque eles vêm para cá e trazem os seus restaurantes e lojas e depois a telefonar aos familiares na China dizem isto e os chineses ficam logo a espumar da boca. Foi uma técnica dos governadores para controlarem a natalidade nos anos 80, metiam putos ao telefone, mas agora está ultrapassado e ninguém quer mais ter de sujeitar o seu aparelho auditivo a ouvir isto para o resto da sua vida.
Acabando com o drama, gostaria de pôr isto a limpo, porque a mim parece-me no mínimo idiota e nem quero imaginar a origem destas palavras, talvez tenha vindo de um indivíduo mal educado e sempre virado de costas, ou então um hiperactivo, ou então um indivíduo cujo estado clínico grave faz com que faça piruetas sem cessar, porém são só teorias.


Eu chego à conclusão que, aquando de uma narração oral, todos os personagens que querem falar têm de efectuar uma rotação em primeiro lugar e só depois é que podem prosseguir com o proferimento de palavras. É curioso. Contudo, a narração é pobre porque não clarifica o ângulo de rotação do indivíduo, ficamos ignorantes relativamente à hipótese de ser uma rotação de 90º, de 180º, de 720º, de 32º eventualmente. E até se compreende que haja, de facto a efectuação de uma rotação na primeira fala, porque posso apanhar um ouvinte desprevenido, virado de costas para mim, ou até de lado, ou até ligeiramente rodado para a esquerda. Portanto aí faz sentido, eu falo com a pessoa, e realmente ela vira-se e diz, qualquer ser bem-educado possui a bela tendência de visualizar e colocar-se de face a face com quem está a trocar um discurso. Isto nem seria tema para um texto se realmente isto acontecesse assim (se só se virasse uma vez). Todavia não é assim. Nos casos extremos (e cujos narradores deveriam ser internados) em TODAS AS FALAS existe a efectuação de rotações. Quer-me parecer que a narrativa está incompleta ou então todos os personagens têm problemas mentais graves a nível da resposta motora. Para começar a conversa, estão SEMPRE DE COSTAS, e depois viram-se para falar e mal acabam de falar dão as costas ao outro como se de um inimigo que lhe quisesse espetar um pionés no olho se tratasse. Isto partindo do princípio que as rotações são todas elas de 180º (e que os pionés são mais ou menos letais, caso contrário nem se daria ao trabalho de se proteger de um).


Se as rotações forem com outros ângulos a acefalia dos intervenientes é maior, e só digo isto porque se dissesse mais entraria depois em hipóteses bastante complexas que não há tempo nem papel que chegue para as enunciar. Um facto interessante é que ninguém refere que eles se voltam a virar depois de falar, contudo quando tornam a abrir a boca têm de se virar de novo. Confuso, especialmente para quem não se tenha virado de volta. No fundo estão permanentemente a dançar ballet enquanto conversam, fazendo rotações apenas quando proferem algo. Rotação de 180º, fala, cala-se, pára. Rotação de 180º (no mesmo sentido se quiser ser coerente, no sentido contrário se quiser dar estilo), fala, cala-se, pára. É uma possibilidade.


Mas partindo do princípio que o narrador é pobre e se esquece de incluir as outras rotações que nós subentendemos (a não ser que seja mesmo gente doente), é de constar também, que TODOS os que acabam de falar viram as costas e portanto no fundo só quem está a discursar na altura é que está de frente para o grupo de pessoas, que por sua vez estão todas de costas porque estão a ouvir apenas. E viram-se à vez porque nunca ninguém fala ao mesmo tempo nas narrações orais, é impossível simular um atropelamento na fala. É uma visão um pouco aterrorizadora.


A seguinte questão também se coloca: E se os que estão de costas, tiverem mesmo de estar de costas, por necessidade derivado de algo que estão a fazer? Por exemplo, um indivíduo estar a cozinhar, ou a amputar uma perna cuidadosamente com a perna em cima do balcão, ou está de castigo virado para a parede. Podem simplesmente falar para a frente porque hoje em dia as ondas já sofrem reflexão, não é como antigamente que quem tinha um torcicolo estava completamente deixado ao abandono se não rodasse o corpo todo para comunicar. Poupem estes senhores às rotações, senhores narradores orais. Pobre coitado do chef que tem de se concentrar na comida que está a preparar e que tem de falar ao mesmo tempo, se se vira o ovo estrelado fica mal estrelado e nem sequer dá para molhar uma batatinha na gema porque está rija ou rebentada. Pobre coitado do doente que está a amputar a perna sem a ajuda de um médico medieval e que tem de falar ao mesmo tempo, se se vira ainda amputa a perna errada. Pobre coitado do moço castigado que tem de falar ao mesmo tempo, se se vira o castigo é prolongado.
Enfim, mas noto que quando estes mesmos narradores orais, que não poupam sofrimentos, passam a ser narradores comuns da escrita, já ninguém efectua rotações de qualquer tipo, é fascinante o que o papel faz às pessoas, passam a ser muito mais bem educadas e a possuir muito menos deficiências.


Eu pessoalmente quase nunca efectuo rotações sistemáticas para falar mas peço-vos educadamente que parem de fazer isso porque por algum motivo deve ser prejudicial para a saúde, nem que seja para a saúde dos narradores orais do dia a dia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tragédia universal (Angélico)

Ao que parece, uma notícia de muito maior relevância comparada a qualquer outra notícia do universo tomou conta dos jornais nos últimos dias. O 11 de Setembro ao pé disto é um absoluto menino a chuchar no dedo. E como é óbvio, é uma situação que merece sinceramente a presença de 500.000.000 de indíviduos do sexo feminino abaixo dos 13 anos a chorar à porta de um hospital. É verdade, o Angélico faleceu. Foi um ser extremamente talentoso que elevou o nome de Portugal ao seu expoente máximo e contribuiu, e de que maneira, para o conhecimento além fronteiras deste país de tão inócua dimensão. Ah não, esperem lá, estava aqui era a descrever os descobrimentos, mas claro que faria todo o sentido ter 500.000.000 de indíviduos do sexo feminino abaixo dos 13 anos a chorar pelos descobrimentos. É um acontecimento frequente até, já quando foi da morte de Fernando Pessoa e José Saramago foi a mesma loucura, era cartazes com marcadores cor de rosa por todo o lado:

“Pessoa, volta, faz mais poemas com elevado grau de beleza, daqueles que eu leio todo o dia sem parar, gosto muito das tuas contribuições para o enriquecimento da minha cultura!”

“Saramago, a tua pontuação única revela a tua grandeza no mundo literário, é tão genial e profunda que os textos adquirem logo outro sentido, volta para nos fazeres felizes!”

Eu bem me lembro destes episódios à volta dos leitos de morte destas duas figuras, achei ridículo. Porém, quando vi o que se passou com o Angélico até me vieram lágrimas aos olhos, uma situação tão normal e tão compreensível não fica alheia aos olhos de ninguém. É algo pleno de sentido e nada fútil, o Angélico era um super herói.

“não bebia nem fumava”, “era tão simpático e humilde”, “sempre teve um sorriso no rosto”, “estava sempre disponível para ajudar”. Realmente perdeu-se um grande Homem, Portugal ficou mais pobre e é preciso fazer caso disso e abrir de forma espampanante todos os telejornais com esta tragédia. É que nem Jesus andava sempre com um sorriso no rosto, às vezes quando dormia não conseguia colocar o seu semblante alegre. E nem estava sempre disponível para ajudar, às vezes estava ocupado a transformar água em vinho e uma pessoa tinha de esperar. O Angélico não.

"O Angélico levava cinto de segurança, ao contrário do que dizem"

"Não tínhamos estado em nenhum festa. Fomos ao Porto buscar as músicas para apresentar na festa da Morangomania. Um dos motivos para termos saído de noite era para irmos devagar, sem pressas"

A parte que eu gosto mais nestas citações é o facto de terem sidos proferidas da boca de um indivíduo que se designa por Hugo Pinto e que também proferiu isto:

“Queria pedir à imprensa para ter mais respeito pela família, pelos amigos e pelo próprio Angélico, porque a imprensa contribuiu muito para que ele não melhorasse, foi muita coisa dita, muita mentira”

“O que se passou foi um erro mecânico no automóvel, o eixo da roda traseira partiu-se e foi isso que nos levou ao despiste”

http://www.youtube.com/watch?v=fJKlTbmily0&feature=player_embedded#at=173 (Podem ver aqui as declarações, eu sei que não eram precisas provas, tal foi o nível de não idiotice presente nas palavras transcritas, mas é só para assegurar que não estou a aldrabar)

É ou não é de génio? Eu não diria melhor, condenação à morte para a imprensa, já! Tratem já de me legalizar essa treta, que isto assim não dá. Então andam aí imprensas a matar gente, e ninguém faz nada ?! Este país é uma vergonha. Só em Portugal é que as imprensas andam por aí livres e completamente invulneráveis a acusações de falecimento de terceiros. Isto num país decente visualizam-se as cadeias cheias de imprensas, as celas é uma confusão que aquilo é câmaras e microfones por todo o lado, cheios de repórteres e redactores.
- Eu também no outro dia senti uma constipação, e fizeram notícia sobre mim e fiquei logo com uma pneumonia do caraças, assim não dá pá! Isto um gajo toma ben-u-rons mas não vale de nada, com a imprensa sempre à perna! Ah e também me deu azia!

Eu já reflecti mais de 24 horas, e ainda não consegui perceber o profundo significado desta citação, só me ocorre uma coisa: Cérebro carcomido. Alguma anomalia ou qualquer fenómeno do género.


E claro que a outra declaração que é tudo menos improvável não lhe fica atrás. Eixos traseiros a fracturarem é o que se vê todos os dias por aí. Mantenho a opinião que referi sobre a massa cerebral do Hugo Pinto.

- Ah pá, mais um eixo traseiro com o caneco, um gajo nem pode andar a 100 que isto desconjunta-se tudo, malditos fabricantes da auto europa pá, já é a 3ª vez esta semana, e hoje é segunda.



Já agora deixo aqui a lista dos erros mecânicos dos automóveis em 2010, onde se pode ver claramente o eixo traseiro partido a liderar em 1º lugar folgado e que os eixos frontais não representam qualquer ameaça para a segurança rodoviária.




Enfim, sugiro que continuem a seguir com a notícia até ao fim da Humanidade e ainda que se crie um feriado para todos recordarmos este marcante acontecimento, tenho a certeza que as jovens apreciadoras de música de bom gosto e novelas da mesma qualidade farão elas próprias o seu feriado, mesmo que não oficial, nem que para isso tenham de abdicar do enriquecimento da sua mentalidade, faltando às aulas e negando o conhecimento, que é um enorme sacrifício para elas. E eu apoio-as nessa decisão. O mundo está triste.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Açaí e a mortalidade infantil

É óbvio que toda a gente sabe o que é o açaí. Mas eu desconhecia este fruto até hoje, e de facto valeu-me de muito ficar a conhecê-lo porque aposto que é um fruto que nunca em toda a minha vida irei provar. Porém, o que me despoletou a atenção não foi o fruto em si, mas a magnífica e coerente história por detrás dele e que levou à sua descoberta e baptismo:

"Conta a lenda que existia uma tribo indígena muito numerosa. Como os alimentos estavam escassos, era difícil conseguir comida para toda a tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças recém nascidas seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional da tribo.

Até que um dia a filha do cacique, chamada Iaçá, deu à luz uma menina que também teve de ser sacrificada. Iaçá ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades. Ficando vários dias enclausurada em sua oca e pediu a Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício das crianças.
Certa noite de lua, Iaçá ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua filhinha sorridente, ao pé de uma grande palmeira. Lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém misteriosamente sua filha desapareceu.

Iaçá, inconsolável, chorou muito até morrer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos estavam em direção ao alto da palmeira, que se encontrava carregada de frutinhos escuros.

Itaki então mandou que apanhassem os frutos, obtendo um vinho avermelhado que batizou de açaí, em homenagem a sua filha (Iaçá invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu a ordem de sacrificar as crianças."


... ... ... até fiquei com um dejecto proveniente do olho pendente na bochecha. Leva-me a crer que quem inventa lendas não tem mais nada que fazer e junta todo um conjunto de acontecimentos bastante idiotas numa só narração. Portanto, no fundo o açaí foi descoberto porque tiveram de matar todos aqueles que saíam do orgão reprodutor das mulheres. Faz sentido. Mas muito mais sentido faz quando a solução da escassez de alimentos é essa mesmo: não, não é procurar mais alimento, é cortar o problema pela raiz, ceifando os putos que acabam de nascer.
Realmente era a solução para todos os problemas existentes no mundo, acaba-se com as pessoas e fica tudo resolvido. Pelos vistos, a escassez de alimento provocou na tribo um acidente mental geral, em que todos ficaram a espumar violentamente da boca e a degolar todos os indivíduos recém chegados ao planeta. Enfim, não vou questionar mais esta estratégia governativa, pelo menos cumpriu o que prometeu.
E assim o problema estava resolvido e todas as mães estavam satisfeitas, até que chegou a vez da filha do líder ver o próprio filho ser degolado. Ficou triste. Não percebo porquê, as outras mães lidaram com a situação de uma maneira perfeitamente exemplar, só esta ovelha negra da tribo é que começa a refilar porque lhe assassinaram o filho com o fim de enfardar mais javali ao jantar. É incompreensível. E a juntar ao acidente mental que a tribo toda já tinha sofrido, a filha do cacique ficou com mais uma perturbação mental e começou falar com um indivíduo de nome bastante estranho (Tupã) e a ter ilusões, vendo a sua filha já morta, e abraçando-a. Surpreendentemente, a filha desapareceu e a mulher percebeu que o seu estado mental era demasiado grave para continuar a viver sem xanax, então optou por um suicídio sem muito sofrimento físico. Chorou tanto que os canais lacrimais entupiram e comprimiram-lhe tanto os olhos que rebentaram na sua face já com baba seca e ranho de cor pouco saudável. Como estes últimos lhe entupiam o resto da canalização, acabou por falecer por asfixia.
Como ninguém deu pela falta dela nesse dia inteiro nem ninguém da solidária tribo a ouviu chorar soltando uivos de elevada amplitude, só no dia seguinte é que se aperceberam que possuíam um corpo inanimado numa palmeira lá perto. A falecida mexera-se tanto na esperança de remover os dejectos que lhe obstruíam os canais respiratórios, que acabou por ficar com os lábios rasgados e por mero acaso formaram um sorriso, bem com a direcção da sua cabeça, que terminou a olhar para cima na esperança de escoar tudo para o seu organismo. Devido ao elevado QI da tribo, todos julgaram tratar-se de um sinal do seu Deus e concluíram que era com o que estava em cima da árvore que eles se deviam alimentar.

Facto curioso: a árvore sempre lá esteve. O que eu acho é que o chefe da tribo já estava extremamente aborrecido de ser sempre ele a caçar e a subir às árvores e buscar frutos, até porque é cansativo e causa SIDA porque nunca se sabe o que andou a roçar por aquelas árvores, e portanto decidiu enveredar por um caminho de first person shooter. Não o censuro de maneira alguma, uma vez que sei o quão divertido é jogar estes jogos.

E a partir desse dia, o cansaço do líder desvaneceu-se e compraram desinfectante para as árvores e assim pôde trepá-las de novo e alimentar a sua população.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Esgotou-se o meu stock de sacos para vómito :(

A esperteza humana mede-se por diferentes coisas, e claro que os programas do “Quem quer ser miilionário” tratam de testar o conhecimento dos indíviduos com o fim de lhes darem dinheiro. Por grande lapso meu, liguei a televisão num canal generalista e não foi preciso muito tempo até descobrir o motivo pelo qual só uma falha mental me leva a meter nestes canais. O que vi hoje colou-me o maxilar ao chão tal foi a dimensão da idiotice e atrasadice mental presente nuns simples 5 minutos de televisão. Qualquer pessoa que tenha visto o episódio deve ter ficado tão igualmente repleta de choque como eu, ou então achou normalíssimo (velhas e gente idiota).
Trata-se do seguinte:
Surge a seguinte pergunta: “O que é que forma um buraco negro?”, sendo as hipóteses cometa, galáxia, planeta ou estrela. O concorrente dotado de cérebro não ficou afectado pela média de Qis à sua volta (abaixo de 20) e conseguiu responder sem hesitar à pergunta.
- Estrela – retorquiu o jovem homem, sem ninguém esboçar reacção, porque não faziam a mínima ideia de que estava certo.
E de seguida, o apresentador pergunta aos outros concorrentes e ao público (existem diversos concorrentes que rodam entre si para responder às questões) se alguém sabia a resposta. E aí dizem que têm dúvidas. Por amor de Deus... QUAL É A DÚVIDA? HÁ DE SER UMA GALÁXIA NÃO? EPÁ 5 SOCOS NESSA CARA NÃO ERA SUFICIENTE! Enfim... É, normalmente as galáxias cessam a sua existência porque se tornaram num buraco negro de um momento para o outro. Já estão fartas de ser galáxia, então mudam para um buraco negro, normalmente é tema de conversa entre elas:
- Epá, vou fazer 1000 milhares de milhões de anos amanhã, estou a fartar-me com isto, acho que amanhã vou só ao facebook lá para a tarde e depois transformo-me num buraco negro, sempre acharam que eram as estrelas que faziam isto, mas são todos estúpidos – comenta a galáxia Andrómeda para a Via Láctea
Faz todo o sentido.
Um planeta faz ainda mais, então se for a Terra muito mais sentido faz, deve estar farta de ter um monte de esterco gigante a habitá-la e uma boa solução era transformar-se mesmo num buraco negro.
Gosto especialmente da hipótese cometa. Os cometas no meio disto tudo, são mesmo a melhor opção sem dúvida, é claro que um monte de rochas, gelo, poeira e gases congelados muito menor que a Terra vão dar origem a uma super reacção ultra potente capaz de sugar tudo, é por isso que as minhas calças ficam castanhas quando os cometas passam pelo planeta Terra.
Uma estrela? Nah... essa treta só tem milhares de reacções nucleares no seu interior capazes de libertar uma energia gigantesca, especialmente se forem 8x maiores que o Sol.

Mas o pior não é bem isto, porque até admito que as pessoas não saibam isto (erm... por acaso é mentira), o pior é mesmo o gritante contraste com a pergunta a seguir:
“Quem ganhou a última edição da Operação Triunfo?”
... ... ... Desculpe, não se enganou na pergunta? É que isto não é um quiz dos programas da manhã para a faixa etária a partir dos 60 anos. Porém, não, é mesmo uma pergunta para 20.000€. É óbvio que isto testa o conhecimento de qualquer um que veja televisão com a avó. É realmente uma questão crucial e de necessária compreensão para o estudo do Universo. Enfim, o concorrente desconhecia a resposta certa (assim como todos aqueles que não ligam ao que é inútil) e tentou acertar ao acaso com um raciocínio até interessante:
- Como há 2 Sofias, vou responder Sofia Barbosa.
Assim que diz isto, o público reage em uníssono com um “ohhhhhhh” presumindo que ele já tinha perdido. Tive logo de utilizar meu saquinho para o vómito que normalmente trago dos aviões para casa para este propósito. Desde o ínicio do mês já enchi 10, mas hoje consegui chegar aos 30 só com isto. É sempre bom porque bati o meu record de 17 num único mês, fiquei moderadamente contente.
Epá, claro que não é a sofia barbosa, mas que idiota pá, nunca vi gajo mais estúpido na minha vida, então não sabe quem ganhou a operação triunfo? Ai este país vai de mal a pior...
Depois de ele responder e todos reagirem como grandes deficientes mentais que são, o apresentador perguntou ao público quem foi o vencedor da Operação Triunfo e todos responderam, mais uma vez numa unissonidade que soou a um misto de estupidez com acefalia parcial (na parte do cérebro que interessa), “Jorge Roque”.
Óbvio. Para a comunidade velhal então, ui, esta nem era para 20.000€, porque é das fáceis. Agora uma pergunta digna para 20.000€ seria mesmo: “O que tinha vestido o Goucha no programa Você na TV do dia 15 de Março de 2009?” Essa seria difícil por causa do alzheimer e da incapacidade das velhas não saberem gravar programas de extrema relevância, porque senão essa também era para aí para uns míseros 2€.

Tenham cuidado ao ligarem a televisão, o melhor é terem sempre um saquinho de dejectos bocais sempre à mão.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Têm um bollycao na mão e querem saber se ele é bom?

Então têm aqui este diagrama quase completo sobre bollycaos e a sua qualidade, no seguimento do texto dos bollycaos que já fiz há uns tempos

(Carregar para ver melhor dado que a largura disto é extremamente adequada)



http://tinypic.com/r/213aj7/5

quinta-feira, 10 de março de 2011

A terrível Paty

“Olá meu nome é Paty, quando você começar a ler esta mensagem não pára.Os cinco anos que morreu atingido por uma menina que dizia ser minha melhor amiga me empurrou na frente de um carro. Não é brincadeira, acredite!
Envie essa mensagem a 10 videos, ou 2:00 da manhã naquela noite eu vou aparecer no seu quarto e matá-lo”


Olá. Não, eu não me chamo paty, mas pelos vistos, há para aí mais de 10000 pessoas no youtube que se chamam paty e reclamam qualquer coisa que à primeira vista tem a ver com a sua melhor amiga e um atropelamento. Acho coincidência. Porém, muitos de vocês podem discordar porque Paty não é um nome assim tão invulgar no Brasil, para além de que até pode ser diminutivo de alguns nomes vulgares como Patrícia ou alguns nomes extremamente vulgares como Patiróideia.
Mas a questão não é bem o nome, antes fosse, ao invés da violação de sanidade mental contida nestas mensagens. Eu até suspeito que a mensagem esteja escrita em Português, mas por momentos, se eu ler tudo como está escrito, dá ideia de que é um babuíno a tentar falar romeno enquanto defeca. E no fim sai uma língua semelhante ao Português.
Se eu proceder à minuciosa análise desta mensagem, receio bem que será hilariante, porque terei de revê-la e aprofundá-la ao ponto de a tentar compreender da melhor forma, o que será, de certa forma impossível, e fará com que me depare com alguns pedaços de frase de gramática extremamente elaborada ao ponto de nem os melhores linguistas a perceberem, muito menos eu. Mas aventuro-me.

“quando você começar a ler esta mensagem não pára.”
No fundo são mal educados, logo aqui a dar uma ordem clara para que o leitor não possa parar de ler e fique colado ao monitor até já não haver mais nada que nos obrigue a ler o que é difícil em vídeos com mais de 50 mil comentários iguais a este. É uma ordem que faz mal a saúde e obriga a pôr em causa um dos sentidos mais importantes que é a visão. Não, peço desculpa, isto é claramente uma falácia porque podemos perfeitamente fechar os olhos após a leitura da mensagem, não olhando para a seguinte que também nos obrigará a ler. Para além de que é necessário mudar de página no youtube para ler mais comentários. Ainda assim, é difícil ler 4 linhas de estupidez sem parar, afecta o cérebro de variadas formas que ainda estão por estudar, mas que já se começam a notar na população mundial, onde o excesso de síndromes de deficiência mental impera.

E preparem-se para a parte que se segue, porque esta aqui, podem ler um número de vezes a tender para infinito que não vão conseguir descodificar. Eu bem tentei, contudo, necessitaria de um babuíno com uma caixa de laxantes em cima e do DVD “introdução ao romeno” para me ajudar a compreender melhor. Faço a minha análise com os recursos que tenho porque criar babuínos não está fácil.

“Os cinco anos que morreu atingido por uma menina que dizia ser minha melhor amiga me empurrou na frente de um carro.”

O... que... é... isto? Que pedaço de maravilha que deleitaria qualquer Eça de Queirós. Segundo a minha interpretação isto parece tratar de um indíviduo apelidado de “cinco anos” e que morreu atingido por uma menina. Soa-me um pouco homossexual, porque para morrer atingido por uma menina é preciso ser-se fracote. Ou se calhar a menina toma esteróides e tem ataques de fúria muito difíceis de lidar, nunca se sabe. E outro pormenor interessante é que essa menina movida a esteróides dizia ser a melhor amiga da Patiróideia empurrou-a na frente de um carro. Portanto iam as duas ali nos bancos da frente do carro, não sei quem ia a guiar, e a menina empurra a Paty. Nada de anormal, também já fui empurrado na frente de um carro contra a porta para que saísse deste mais depressa. Mas compreendo que ser empurrado na frente de um carro possa ser traumatizante uma vez que há muitos objectos perigosos, como a manete das mudanças ou o volante.

Sentido geral do excerto: Nenhum.


Seguindo em frente, para uma frase já mais perceptível mas que não fica atrás no nível de atrasadice mental:

“Envie essa mensagem a 10 videos, ou 2:00 da manhã naquela noite eu vou aparecer no seu quarto e matá-lo.”

Brilhante. Portanto, faço “CTRL C”, e depois “CTRL V” 10 vezes e fico safo de uma morte certa. Ufa, dava um filme de acção em que o ameaçado de morte se encontra no seu portátil e recebe esta mensagem.
Este, aflito porque tem os dedos frios e uma mão ocupada e deste modo é-lhe difícil fazer o “CTRL” e ao mesmo tempo o “C” e o “V”, tenta desesperadamente fazer o copy paste noutro vídeo mas não consegue porque a bateria de má qualidade vai abaixo e não há tomadas por perto. E MORRE ESTRAGULADO PELA PATY ÀS DUAS DA MANHÃ!!!

Terrível, até fiquei com pele de galinha. E gosto da pontualidade da Paty, se toda a gente fosse como ela este país andava para a frente, se todos chegassem a horas e cumprissem horários tudo funcionaria melhor. Ela não perdoa, tem um relógio atómico no quarto e quando está quase na hora põe-se a caminho. Eu não sei onde é que ela mora mas diria que lhe seria difícil se mais do que um pessoa não conseguisse efectuar a árdua tarefa de copiar a mensagem em 10 vídeos. Teria de estar em muitos sítios às duas da manhã. A não ser que se aproveite dos diferentes fusos horários e nesse caso usufruiria das horas locais para ser mais prático. Mesmo assim, se muitas pessoas do mesmo fuso horário tiverem de morrer às 2 em ponto é complicado. Se calhar ela vai a casa de cada um, recolhe a malta e mete tudo num sítio para promover a chacina geral à hora certa. E o facto de não dizer em que noite vai ser o derrame de sangue também lhe dá alguma folga no trabalho. É “naquela” noite, ela decide qual será. De certeza que verificará a sua agenda e verá os dias que lhe derem mais jeito.

Só que é chato se ninguém estiver no quarto às 2 da manhã, parece que o problema tem escapatória, basta ficar na sala às 2:00 e depois voltar tranquilamente ao quarto às 2:01 e é a paz para todo o mundo. Enfim, grave lacuna da Paty, mas de certeza que terá plano B.

E atenção ao último aviso da mensagem:

“Não é brincadeira, acredite!”

A meu ver, isto era desnecessário, quem pensaria que isto seria brincadeira? Todos conhecemos as capacidades da Paty, até porque ela parece uma espécie de Deus que sabe quando alguém fez 10 “CTRL V” seguidos em 10 links diferentes. É um apelo inútil.

Tenham cuidado porque agora que leram a mensagem, têm de a ir pôr em 10 vídeos diferentes. E se lerem isto à 1:59 da manhã, vai ser uma tarefa árdua. Boa sorte.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Apertos de mão, uma ciência incontornável

Encontrei um texto no imundo sótão do meu computador, estava repleto de pó e já deve ter uns bons séculos de existência (bastante credível), aqui está limpinho e pronto para ler:



Olá outra vez. Vou expôr aqui o meu tema com uma breve mas útil introdução. Ora, como todos sabem, os temas falados nos magníficos trabalhos apresentados são de uma extrema irrelevância. Aquecimentos globais, violências nos desportos, crises económicas, ministras da educação e as suas medidas idiotas, isso tudo está incluído num leque vasto de temas que não interessam nem ao menino Jesus, embora se o tema fosse como transformar água em vinho, talvez o agradasse. Mas isso são temas que se apresentem? Ridículo. Mas isto são os temas dos textos argumentativos/livres dizem eles. E os temas dos poemas e seus derivados? Ui, isso aí ainda é melhor. Amor, amizade, mensagens idiotas resumindo. E que tal falar de algo que realmente interesse a nível mundial, ou até, atrevo-me a dizer, a nível universal? Era uma excelente ideia e é por isso que escolhi para tema deste texto os brilhantes, únicos, esplendorosos, rápidos, ágeis, brutais, ferozes, vigorosos apertos de mão. Pois, os apertos de mão têm muito que se lhe diga, e são obviamente tema para ficar a a falar 3 semanas seguidas sem parar nas vírgulas ou pontos finais ou qualquer outro tipo de pontuação.
Analisando profundamente esta bela expressão conseguimos concluir que é formada por 2 palavras e um emplastro, o “de”. A primeira palavra, aperto, a segunda, mão. O significado de apertar é unir, anulando os espaços entre algo, comprimir, portanto aperto de mão vai consistir numa união anulando os espaços entre as mãos, comprimindo-as. E quando digo mão, digo mesmo a mão toda, e o aperto é mesmo aperto à homem. Depois desta fase em que as mãos se juntam, chega a altura de mover ambas as mãos para cima e para baixo, com movimentos rápidos e curtos, qual convicta agitação de um iogurte . Apesar deste acto parecer estupidamente simples há quem não consiga acertar com ele. Há mesmo quem, em vez de estender uma mão bem esticada e pronta para um aperto vigoroso, estende 3 dedos, e estes estão frouxos. E em vez de fazer os movimentos para cima e para baixo, faz aquilo que está muito perto da designação de festinha na palma da mão. O conceito de aperto de mão perde-se completamente e este passa a ser desprezado e torna-se quase um gesto automático e não bem pensado como deveria ser.
O aperto de mão tem diversas utilizações como todos sabemos:
- Serve para cumprimentar, é utilizado no acto de cumprimentar uma pessoa (é o seu uso mais frequente);
- Serve para congratular alguém, dar os parabéns por alguma coisa;
- Para finalizar um acordo, como por exemplo uma aposta.
Por estes usos verifica-se que este gesto é bastante importante no nosso dia-a-dia, e há que fazê-lo da maneira correcta.
Tem também diversas denominações para além do mais correcto aperto de mão.
O termo mais frequente que se ouve por aí deambulando nas ruas é o vulgar passou-bem. Para mim esta expressão é talvez a mais idiota de sempre para se referir ao que se refere. Qual a possível origem deste nome? Obviamente o facto de quando se cumprimenta uma pessoa perguntar-se geralmente se está tudo bem, se passou bem. Mas afirmando que o cumprimento é em si um passou-bem, então significa que quando cumprimentamos alguém com todo o rigor da expressão estamos a dizer que essa pessoa passou bem obrigatoriamente. Ao dar um passou-bem, afirma-se que se está bem. Isto é uma falácia bem nutrida sem dúvida.
Outra das suas denominações é aquela que se ouve em lugares que tenham pessoas por volta dos 50 anos e sexo masculino, nomeadamente cafés, tascas. Aquelas pessoas que fazem um ruído brutal e que já conhecem os empregados todos dos locais que frequentam. São aqueles que parece que quase gritam com a sua voz imponente:
- Ora dê cá um bacalhau!!
E aqui temos a denominação: bacalhau. E qual a razão do aperto de mão se chamar bacalhau? Não faço ideia porque para mim as mãos até são mais parecidas com atuns do que com bacalhaus. De facto bacalhau é uma expressão que parece que foi inventada meio à balda, tanto podia ser bacalhau como uma lapa, ou até mesmo o tal atum.
E isto puxa-nos para mais uma espectacular temática do aperto de mão, que é precisamente a sua variedade. O aperto de mão típico: mão e dedos bem esticados, união das mãos intervenientes com polegares lado a lado na horizontal. Este é precisamente o mais correcto e o original, contudo temos outros géneros. O bacalhau de ainda agora, é uma variante do aperto de mão. O bacalhau caracteriza-se por ser bastante mais implacável, ao ponto de chegar não só a abanar as mãos como o corpo todo devido à força aplicada nas mãos e nos braços. Ao entrar no acto do bacalhau com um impulso forte, o abanão inicial começa por ser feito na diagonal, um misto de cima e baixo com esquerda e direita. Este tipo de aperto de mão é executado pela respeitável classe de faixa etária próxima dos 50, falada há pouco.
Outra variante é o aperto de mão efectuado por alguns jovens com aspecto degradável, mais conhecidos na tolerante sociedade por “chungas”. Esta espécie possui um aperto de mão bastante complexo, apesar de parecerem estar carentes de inteligência. Não é um movimento de curta duração, aliás, pode exceder a meia hora se levada ao extremo. É caracterizado por ter um começo parecido ao aperto de mão, mas onde as mãos se cruzam na diagonal, metendo os polegares lado a lado, na vertical. Logo a seguir a fase intermédia que é constituída por diversos jogos de punho e é a mais duradoura. Por fim a fase final constituída pelo aperto de mão modificado do início mas onde os braços se puxam e acabam com um choque de ombros.
Os jovens normais utilizam ainda outro género de aperto de mão, que é apenas uma fracção do género anterior. Mãos na diagonal, levando um balanço inicial através do lançamento do braço a percorrer um ângulo próximo dos 90º. Os braços começam ao lado do corpo e acabam na frente, chocando com o seu par, com os polegares na vertical, lado a lado tal como há pouco. Este choque pode originar um ruído agradável, oco, especialmente se as mãos estiverem em forma de uma admirável concha dos mares.
Parece-nos assim que este tal aperto de mão é feito regularmente, todos os dias, e de facto é suposto que assim seja. Inacreditavelmente, existem pessoas que chegam a não o fazer uma única vez num dia. Não pode ser, eu diria até que sem passou-bem não há vida, e como tal, não executar nem um num dia é quase a mesma coisa que não comer durante um dia, uma autêntica provocação da morte. Pessoas que, inclusivamente, cumprimentam, congratulam e estabelecem acordos sem o recurso ao aperto de mão. Puro escândalo que se vive neste mundo.
Com isto tudo saliento que todas estas formas de apertos de mão e utilizações merecem ser respeitadas porque o aperto de mão é um gesto bonito, útil, e que merece ser conservado até ao fim da Humanidade. Não o desrespeitem, efectuem-no da forma correcta.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mandar foguetes para o ar é tão giro que vou mandar mais 500 esta noite

Passou o ano, o que é que mudou?
- Epá na realidade nada.
Mentira. Mais nojenta poluição invadiu o ar. É verdade, o fogo de artifício, aquela coisa que o ser humano faz porque é giro ver e tal e faz efeitos extremamente engraçados no ar, polui mais do que certas e determinadas coisas que poluem muito.
“O presidente da gestora de resíduos Lipor, Macedo Vieira, afirmou esta terça-feira que «uma noite de fogo-de-artifício em Londres polui mais do que uma incineradora durante um ano», destaca a Lusa.”
Pow! E aí está, uma noite de fogo de artifício em Londres polui mais do que uma incineradora durante um ano! E olhem que estas incineradoras poluem bastante e inclusivamente o pessoal tenta substitui-las por algo que faça menos mal aos bichos do planeta. Agora, vamos lá a ver, uma noite destas em Londres faz isto, então na passagem de ano, onde imensas cidades de proporções avolumadas mandam porcaria que manda cores para o ar para entreter o mais comum dos mortais, este fenómeno é claramente mais drástico. Após uma intensa pesquisa que demorou uma quantidade moderada de segundos descobri as cidades que acolhem os principais eventos do ano novo. São 10, sendo uma delas Londres. Isto resulta no equivalente a 10 incineradoras a carbozinar lixo à maluca durante 365 dias, e se for bissexto, 366. E isto sem contar com o resto das cidades que possuem eventos de moderada importância na altura do ano novo. Contando com esses devem ser 500 incineradoras e 3000 “amaricanos” com SUVs a mamarem gasolina que nem uns cães à procura de cadelas com cio. E portanto acho que isso não é agradável.
Pensado bem, o fogo de artifício é mesmo uma ideia que só podia ser vinda de um ser de raça humana, imagino bem como terá sido o momento em que o maior génio de sempre teve a ideia de lançar foguetes para o ar:
- Epá ó Abelardo, tive agora uma granda ideia.
- Diz lá ó Adalberto, espero que não seja estupidez desta vez, como naquele dia em que disseste que E=mc^2...
- Não pá, isso eu escrevi num papel e dei a um maluco com o cabelo em pé. Mas,
epá, vamos pegar num foguete e mandar ao ar, depois aquilo arrebenta e manda luz e faz barulho.
- Então mas porquê?
- Porque tou contente pá, o meu Benfica ganhou 15-0.
E a partir desse momento sempre que alguém está com um grau de contentação acima do vulgar lança-se foguetes ao ar.
- Passou o ano! Lança aí foguetes para eu ver corzinhas no ar!
- É festa na aldeia, Albertino lança os foguetes!
- Ontem andei no autocarro e não tinha idosas a ocupar-me os lugares todos, foguete para o ar para demonstrar a minha alegria!
Haverá maneira mais idiota de expressar contentamento? Não sei, se não existe passará a existir porque haverá outro Adalberto com uma ideia de puro génio. Estamos todos muito preocupados com o aquecimento global mas depois é isto. Temos pessoas que passam o ano em banho de gelo para alertar para o aquecimento global, mas são essas mesmas pessoas que ficam a olhar com cara de rabo para as corzinhas no ar. Enfim, um contra-senso a que todos estamos habituados tal é a consistência da coerência humana, bem mais consistente que as defecações da minha cadela.
Continuem a gostar dos fogos de artifícios pois são extremamente engraçados e divertidos!