segunda-feira, 14 de novembro de 2011

É possível descer mais baixo

Removendo a ferrugem.. enfim tenho 3 camadas de óxido de ferro em cima das teclas...




Não sei o que se passa em Portugal há muitos anos, então, certo e determinado dia decido saber como tudo está neste país em forma de rectângulo em muito mau estado e ligo a televisão na TVI. A minha reacção foi (mais ou menos assim, talvez um pouco mais dramático e com palavras assaz feias):


- NÃAAAO, BASTOU ESTAR DOIS ANOS FORA E O QI GERAL DE PORTUGAL BAIXOU PARA MENOS DE METADE??!!


Penso que não será muito complicado de perceber qual era o programa que estava a dar no momento em que calmamente e a medo (sim gosto de ter estas duas sensações ao mesmo tempo) cliquei no botão 5 do comando (claro que eu esperava a sic notícias porém os donos da TV têm uma mente extremamente maléfica e lançaram-me uma armadilha porque sabem que no meu perfeito juízo e enquanto não estiver internado no Júlio de Matos nunca carregaria no botão 4).


Não, não foi nenhuma novela, esses estercos em forma de programa já existem há muitos anos e como tal eu já possuía o conhecimento desses sugadores de QI. Dou uma pista: desde o big brother que não se via tamanha azáfama debaixo de um cobertor. Exactamente, é a Casa dos Segredos.


É interessante, aprendi que África é um país da América do Sul e é ao mesmo tempo a capital de Angola e fica a norte de Portugal, e que Arábia é a capital da Arábia Saudita. Depois fui para o teste de Geografia e tive zero. Não percebo porquê, achei o programa extremamente educativo, pelo menos pareceu-me que afirmações vindas de uma mulher que urina na cama eram bastante credíveis. E outra que diz que o continente em que vivemos é a Terra.


Mas não se preocupem pois não é só na área da Geografia que estes indivíduos falham, tanto que não sabem quem é Angela Merkl, não sabem quem é o Primeiro Ministro de Portugal, nem sabem nada sobre nada. É uma vantagem, assim não sabem o quão burros eles são, é uma das duas vantagens que eu vejo de momento. A outra é poderem-se identificar com uma parte significativa dos portugueses, bem como dos compinchas americanos.


Realmente, o saber não impera naquela casa, ou diria melhor, naquele Antro de Descerebrados, e já é a segunda edição, mas Portugal tem muita produção de matéria prima para este programa, podíamos ir até à 500ª edição e mesmo assim possuíamos excedentes com fartura, que bem podíamos trocar com algum país qualquer que ambicione bater o record da média de cérebros mais pequena do mundo, ou então efectuávamos uma rota comercial com o egipto em que lhes dávamos estes seres em troca de papiro.


O público alvo destes programas é facilmente identificável. Sem contar com os jovens que visualizam o programa em questão para obter um bom exercício grátis dos músculos da cara e barriga (não é bem grátis vá, o preço a pagar é redução de neurónios à taxa de 1% por dia), o verdadeiro público deste programa são idosos, mais concretamente, idosas, contudo vejo demasiada gente nova a ver isto, e com um perfil sério. Se fossem só as idosas tudo bem, sem nada que fazer sem ser bisbilhotar a vida de todos os vizinhos do bairro e arredores, até se lhes brilha o olho de felicidade quando se apercebem que podem bisbilhotar a vida de gente a mais de 100 metros delas.


Agora os jovens, a nossa futura civilização, onde todos depositam as esperanças de tornarem este mundo caótico e desprovido de bom senso num mundo melhor, é triste. E fazendo-o não galhofando com as situações do programa, mas sim porque realmente se interessa para saber quem sai da casa e tudo o que lá dentro se passa. Eu sei que isso está muito perto de ser a solução para a resolução para a crise mundial, todavia raspa só ao de leve e isso é o suficiente para não o ser.


Portanto, para saber a actualidade de um país nem sequer tentem ligar a televisão não vá a televisão estar armadilhada e haja o perigo de calhar na TVI e mais precisamente na casa dos segredos.