sexta-feira, 27 de junho de 2014

Época de exames

Para mim, a época de exames aproxima-se. E de facto, fez-me relembrar mais uma vez, que em todas as épocas de exames eu constato que tudo o que não tenha a ver com estudar, fica imesuravelmente muito mais interessante. É verdade, e acho que não falo só por mim, parece que é uma lei inclusivamente universal, que ainda hoje estive a dar uma olhada no noticiário de Jupíter e aquilo lá está uma rebaldaria também.

De repende, aquele jogo ranhoso do minijuegos.com fica absurdamente entusiasmante, apesar de ser só carregar no "z" e no "x" com um grafismo, todo ele de uma qualidade de fazer ranger o dente, e são tardes e tardes que um indivíduo fica a jogar. Parece que todo o prazer de fazer algo que não estudar, renasce das cinzas. Ver séries torna-se magnificamente mais magnífico, filmes idém, a dobradiça da porta fica estranhamente mais brilhante, assim de um brilho mesmo ofuscante que até parece o sol depois de 2 horas a olhar para ela, de tão polida que está. As novelas da tvi ficam esplendo... não, as novelas da tvi por acaso são uma excepção de acordo com o artigo 31 a) do código do cérebro são, saudável e sem doenças:

Artigo 31 a) do código do cérebro são, saudável e sem doenças:
  • Jamais uma novela da tvi será interessante, prazeirosa ou razoavelmente boazinha, nem antes de épocas de exames.

Mas realmente tudo o resto é detentor de uma sensação de desfrutamento incrível. Decidir ir à praia é quase como provocar um desmaio intencional, tal é a emoção que provoca; estender a roupa torna-se óptimo e até se faz tenção de organizar por cores e tamanhos; todos os programas de televisão (com a excepção acima referida) ficam fabulosos, incluindo como é óbvio, documentários sobre as rã-de-focinho-pontiagudo, cujo habitat reside nas florestas temperadas, em vegetação arbustiva mediterrânica ou temperada, rios, rios intermitentes, pântanos, marismas de água-doce permanentes ou temporários, zonas costeiras arenosas, terrenos aráveis e pastagens. Estes últimos são, sem dúvida, programas a colocar na agenda, com direito a despertador no telemóvel.

Comer aquele almoço com aquele gostinho típico de "exame no dia a seguir" é uma delícia e recomendo. Aliás, o número de bons restaurantes duplica em ante-véspera e quadriplica em véspera, portanto se quiserem recomendar um bom restaurante a turistas e não estejam a ver assim nenhum de jeito, marquem-lhe um exame para o dia a seguir e é só virar a esquina até encontrar pratos de requinte. Até típicas tascas, que só de entrar já vem o pequeno-almocinho à boca pronto para sair, tal é a sujeira e a javardice dos seus clientes, ficam dignas de uma visita e aprovação da ASAE. Os arrotos dos taberneiros apresentam uma semelhança de morte com melodias de lounge music como música ambiente e o odor pestilento a urina na casa de banho parece-se mesmo com a fragrância requintada do novo perfume da Emporio Armani.

E outra grande vantagem é que o sol brilha como nunca e a chuva desaparece. Deviam criar uma nova estação do ano, além de inverno, primavera, verão e outono, passava a haver uma nova: época de exames. Onde as temperaturas sobem mais que no verão e estar na piscina é uma coisa do outro mundo. Depois claro que tem as suas desvantagens, porque com tão bom tempo e tão seco, as plantas sofrem, mas em prol delas faz-se ali uma semana sem exames, só para dar ali uma semaninha de chuva intensa para ficar tudo em ordem na agricultura deste país.

Estas épocas de exames deviam ser qualquer coisa de eterno, e se assim fosse, a vida seria muito melhor aproveitada, porque tirar o maior proveito de tudo em redor, apenas duas vezes por ano sabe a pouco.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sentido da vida

Uma reflexão bastante profunda e longa atirou-me de novo para os confins do meu cérebro e vasculhando forte e feio nele, fez-se luz. Não porque acendi a luz do meu quarto, mas porque descobri o sentido da vida.
E a resposta é: Epá depende. E é assim mesmo. Não é cá esses filósofos que andam aí com respostas inconclusivas e que não dão jeito nenhum. Mas é mesmo verdade, o sentido da vida depende da ocasião.

Ora bem, a primeira vez que eu descobri o sentido da vida fiquei entusiasmadíssimo, de facto foi magnífico e não havia palavras para descrever o que sentia porque ia ser o meu primeiro 20 a física. A pergunta era: Caracterize o seguinte vector. E eu sabia que tinha de dizer a sua direcção, ponto de aplicação, intensidade e sentido. E aí está, sentido! Realmente era da esquerda para a direita, e portanto naquele momento, o sentido da minha vida era da esquerda para a direita. Porquê? Porque naquele momento, eu, como ser possuídor de vida a efectuar um teste de física, teria de constantar que o sentido de todas as coisas à minha volta e também o meu próprio sentido era da esquerda para a direita. Caso contrário, não teria a resposta correcta.

Contudo, o sentido da vida não é um assunto tão simplista que possa ser traduzido apenas no sentido "esquerda para a direita". Como eu disse, ele depende. Como é óbvio, o sentido da minha vida quando estou a ir para S. Sebastião ou a ir para o Aeroporto de Lisboa difere, pois claro que difere, especialmente se estiver na linha vermelha do metro de Lisboa. Para quem assista ao meu trajecto do google maps, qual Deus que vê tudo numa perspectiva verticalíssima relativemente ao solo terrestre (o que deve ser extremamente divertido), vê que quando eu me desloco para São Sebastião no metro vou da direita para a esquerda e para o Aeroporto da esquera para a direita. E até de vez em quando faço uma diagonalzinha e depois fico até de baixo para cima ou de cima para baixo.

Toda esta questão do sentido da vida nem universal é, porque, por exemplo em Inglaterra, enquanto que na faixa da esquerda todos andam, vanos dizer, da esquerda para a direita, em Portugal e na maior parte dos países da Europa seria ao contrário no mesmo troço de estrada, porque temos o volante do lado esquerdo. Por isso é que os ingleses andam aí a comer batatas com vinagre e coisas do género, uma vez que para eles o sentido da vida é outro, nomeadamente comer comida que não sabe bem é um dos sentidos de vida desses indivíduos. Nada a contestar, porque isso só afecta a vida deles. O problema é quando outras pessoas têm sentidos de vida nos sítios errados, e depois acontecem enormes desastres quando, a título de exemplo, alguém entra em sentido contrário na auto-estrada. Sentidos de vida opostos podem resultar até em situações perigosíssimas que podem inclusivamente levar à morte. E tudo porque esse senhor que entrou em sentido incorrecto não emigrou para a Inglaterra em tempo útil.

Todavia, além destes que têm sentidos de vida opostos que tornam algumas situações um pouco mais delicadas, também há aqueles que só ignoram o seu sentido de vida. Muitas vezes no autocarro e no metro, vêem-se pessoas sentadas de costas para o sentido do movimento, ignorando total e completamente o rumo da sua trajectória. Por isso é que muitas vezes, as velhinhas dos autocarros teimam em sentar-se nestes lugares, com o pretexto de ficarem maldispostas. Mas não é nada disso, elas não querem é voltar costas ao sentido da sua vida, e não o proferem porque este tema infelizmente ainda é um grande tabu na sociedade portuguesa.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pós-riso

Hoje vim aqui para falar de um fenómeno que ocorre com muitos milhares, talvez até milhões, ou até milhares de milhão de indivíduos. Temo que até eu sofra desta malvada condição. O Síndrome Pós Riso é um acontecimento vulgar na vida de uma pessoa, e que afecta a sua condição aos olhos dos outros.
Muitos se devem estar a perguntar o que é isto do pós-riso. Mas se analisarmos bem a palavra é realmente o que está escrito. Pós signica após e riso significa, e se calhar com esta é que vão ficar magnificamente espantados, riso. Aquando da exalação de uma piada por boca alheia, a tendência do ouvinte é rir no momento, em frente ao interlocutor. Porém esta situação ideal nem sempre ocorre para grande regozijo do pós-riso.
Imaginando que estamos à conversa com alguém, mas o tempo começa a escassear e é preciso é ir embora. Então ocorre a fase da despedida mas, durante esta fase, um dos malandros conta uma piada rápida, ou efectua uma intervenção de cariz anedótico, e vira costas porque, no fundo, a despedida já está feita. Ora a seguir, se a piada tiver efectivamente, um nível de piadice acima de 3,5, há risos. Só que estes são efectuados para o vazio, porque a pessoa já está sozinha. E é isto, o pós-riso é isto. Este é o caso mais frequente, mas também pode acontecer um pós-riso quando vem à memória uma piada antiga.
E isto é de facto, algo que faz com que esse indivíduo que fica a rir, faça figura de parvo à frente de outros. Em vez de ficar com a sua cara neutra de "Ah e tal até sou fortito", os risos saem e fica só com cara de "Epá tou-me a rir". E depois acontecem desgraças, pois claro. As pessoas pensam "Eia olha o parvito que vai ali, a rir-se sozinho, e se calhar até se está a rir de uma piada parva, que falta de humor pá, aposto que se riu daquelas piadas mesmo mázinhas. Fogo nunca desenvolverei uma relação de amizade com aquele indivíduo!"
Mas há mais para revelar acerca deste pós-riso. A sua duração, em média, recai entre 5 a 10 segundos:



Obviamente que se for uma piada com uma má qualidade, nem sequer há pós-riso, por isso não consta do gráfico.
Claro que, se alguém obtiver um pós-riso de 10 segundos, a probabilidade de ser vista por um estranho durante o acto é maior do que um pós-riso de 5 segundos.

Mas este gráfico só apresenta a relação entre o nível humorístico da piada e os segundos de duração do pós-riso quando se trata apenas de uma ocorrência risal. Contudo, também existe um fenómeno derivado do pós-riso vaivém, em que a memória da piada vai e volta, provocando um pós-riso igualmente oscilatório, que visto aos olhos dos outros, ainda torna a pessoa mais parva.

Como se pode ver pelo gráfico, o nível de parvoíce atribuída a um praticante de pós-riso oscilatório (9,27) é mais do dobro de que um praticante de pós-riso normal (3,5). (Isto claro, se o oscilatório for observado durante um período de tempo significativo e durante vários pós-risos, porque se só for observado numa das ocorrências, à vista dos outros é praticante de pós-riso normal).


Por isso é preciso ter cuidado e manter uma cara neutra de "Ah e tal até sou fortito" a maior parte do tempo, ou arriscam-se a serem tomados por parvos.