É verdade, os piscas são um bem extremamente essencial a todo o automobilista e peão que se encontrem na via pública ou em qualquer outro local que também dê jeito. Para algum fim estes senhores piscas foram inventados, mas mesmo assim, há quem não use. Mesmo sabendo que pode pôr em causa a vida de muitos cidadãos, continuam a não usufruir das belas luzes cintilantes que possuem nos seus carros. Eu diria que até é engraçado, ver luzinhas a piscar nos carrinhos, e muita gente também pensa o mesmo, porém, a mentalidade em Portugal ainda tem de evoluir muito em termos de piscas. É que é mesmo perigoso, podem não achar, mas é. E responde um indivíduo chico-esperto:
- Eia que granda estúpido! Os piscas não servem pa nada!! Então se eu quero virar à esquerda, viro à esquerda!! Não é preciso meter um pisca à esquerda só para eu me lembrar que é mesmo à esquerda que tenho de virar!! Pensas que agora andamos todos com alzheimer ou quê pá?!
Então imaginemos a seguinte situação, que bem revela o transtorno que a não utilização dos piscas pode causar:
Vou atravessar uma estrada numa passadeira, e essa estrada, mesmo antes da passadeira possui uma curva à direita, ou seja, há aqueles que vão em frente e que realmente me podem causar o falecimento derivado de uma conduta imprópria na condução, não respeitando a zebra, e há aqueles que podem simplesmente virar à direita antes de sequer me conseguirem mandar para o hospital. Ora, se o indivíduo que vai curvar à direita meter o pisca, eu ainda consigo visualizar e atiro-me para a passadeira sabendo que aquele carro não me pode fazer mal. Agora, se não meter o pisca, eu fico hesitante e espero até perceber realmente se vai em frente ou vai virar. Tenho de esperar pela redução de velocidade, mas não só! Porque pode ser daqueles só para enganar, que reduz a velocidade e depois acelera só para meter medo aos peões! Tenho mesmo de esperar que as rodas chiem em sinal de que estão a raspar no alcatrão mal assente e, por consequência, a virar. Ora isto é ridículo e escusado, perco aqui 2/3 segundos do meu tempo só para me aperceber da situação e me fazer à estrada. E claro que não é só isto, porque a situação me afecta visivelmente, e ainda sou capaz de ficar a praguejar um pouco enquanto atravesso a via, olhando para o carro que me causou o transtorno, e andando mais devagar por isso. Portanto no total, perco 3/4 segundos a atravessar.
Depois, a caminho de casa, ainda vou a pensar no assunto e a pensar em impropérios, olhando em redor à caça de outro que não utilize piscas, e por consequência, a andar mais lentamente. Perde-se aqui, à vontade, 10 segundos. De seguida, chego a casa, e, em vez de ir logo fazer o que tenho a fazer, fico às voltas no quarto dizendo como aquele condutor era mau, e confessando ao meu cão que realmente andam indivíduos por aí que são autênticas bestas. 2/3 minutos são perdidos aqui. Tento prosseguir com a minha vida normal, ligando o computador e tal. Contudo, ao invés de fazer o que tinha a fazer, vou pesquisar se aquele modelo de carro que o parvo estava a usar tem piscas ou não, só mesmo para concluir que tem, e que não são extras, e afirmar de novo que: “Há com cada besta hein!”.
Como a pesquisa é muito intensa, 5 minutos são despendidos. Como já é quase uma da tarde, levanto-me e ligo a televisão, só para ver o telejornal da uma todo, a ver se passam alguma notícia do escândalo de que acabo de ser vítima. E vejo-o mesmo inteiro, para não perder nada. Só nisto perco 1 hora e adio o almoço, que ainda me vai fazer perder 20/30 minutos ou até 40 porque enquanto estou a comer faço zapping na tv da cozinha para investigar se realmente está a dar algum programa sobre parvos que não façam piscas. Com isto, já bastante tarde, e como a minha frustração é grande, o dia não corre nada do que tinha planeado e nem saio de casa, perdendo mais umas 3 horas em frente ao computador a ouvir música e a jogar joguinhos, utilizando ali apenas uns 20 minutos para fazer algo útil. À hora tardia do lanche, lancho mesmo um lanche de jeito, coisa que não costumo efectuar mandando assim mais uns 5/10 minutos à fava.
Pouco tempo depois já são quase 20 e dá o telejornal da noite, que aproveito para ver só para ver se dá alguma notícia sobre o escândalo que vivenciei de manhã, uma vez que no telejornal da uma talvez não desse tempo para fazer uma reportagem decente sobre a situação. O telejornal acaba e nem uma notícia sobre o assunto, mais 1 hora desperdiçada e um adiamento do jantar, que vai demorar 2 horas a preparar e a comer visto que não há comida em casa porque não fiz nada durante o dia, inclusivamente não ir ao supermercado. Portanto vou ao supermercado comprar o jantar, e posteriormente prepará-lo e comê-lo. No final, já é meio tarde, apesar de me deitar todos os dias muito mais tarde, deito-me 3/4 horas mais cedo tal é a frustração que me foi causada.
E portanto, 10/11 horas da vida de uma pessoa são completamente desperdiçadas por causa dos piscas, não contando com os restantes dias em que em me vou lembrar da situação e vou perder ali uns 5/10 minutos a insultar e pensar na chatice que foi. Não é brincadeira meus amigos, usem os piscas pá!
Quem vem aqui sai com os pensamentos completamente reformulados acerca de coisas inúteis, o que é sempre bom porque só pensar em coisas úteis faz mal à saúde.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
Não pensem de vez em quando
Agora que me vi a reflectir e a tentar recordar episódios passados, só mesmo para o mês de julho não ficar sem nenhum texto no blog, achei um deveras interessante. Já está a atirar para o antiquado e assaz histórico, foi há longínquos tempos em que eu ainda andava na escola e não tinha nada que fazer... ai bons velhos tempos esses da escola... em que efectuávamos brincadeiras no recreio, em que os testes eram uma treta e podíamos ir para lá só estudados de véspera, em que convivíamos com toda uma panóplia de gente que também era obrigada a estar ali. Portanto, este belo episódio passou-se há dois meses, no dia 18 de Maio, data de um grande evento ocorrido no pavilhão atlântico como todos sabem. Pois é, foi o concerto dos Metallica. Recordo esse dia como se de há 1 hora se tratasse: Mal me aproximei do local do evento, toda uma série de indícios desse mesmo evento começaram a desabrochar e a aparecer, fazendo com que, mesmo que eu não soubesse o que se ia ali passar, soubesse o que se ia ali passar. Meia dúzia de indivíduos embriagados antes da festa já andavam a animar o pessoal, dando esperanças a quem ainda não tinha bilhete, uma vez que os bêbedos podiam eventualmente esquecer-se do que iriam ali fazer e nem sequer entrar no pavilhão. É um facto bastante relevante quando os lugares são em pé (também havia lugares sentados mas duvido plenamente que seria o destino de tamanhos cidadãos exemplares).
Enfim, entrámos e tal, e apreciámos o concerto civilizadamente, como a menor parte das pessoas que lá estavam. Quando pensávamos que o dia tinha acabado e que era altura de ir para casa porque já não ia ocorrer nada de especial e que pudéssemos ficar no local para observar afinal estávamos enganados. Não quanto ao facto do dia ter acabado, porque já passava mesmo da meia-noite e já era 19, mas devido ao facto de já não haver nada mais interessante para ver. É que, de facto iria haver. Quando já havia terminado o espectacular recital e a maior parte dos bons apreciadores de música e arte já se dirigiam todos para suas casas, alguns ainda esperavam à entrada do recinto, nas estradinhas a fingir que há lá nos arredores do pavilhão atlântico. Tal como eu, certos e determinados indivíduos sentaram-se nos blocos de pedra que separam as faixas da estradinha a fingir. Destacava-se um, de seus trinta e tal anos e barriga cheiinha, pelas cantorias que entoava e pela quantidade de cereais fermentados que possuía nas mãos, que dava a perfeita indicação de sobriedade.
Ora, agora é que vou relatar o episódio brilhante:
À medida que o cidadão em perfeito estado se encontrava a cantar sentado no bloco de pedra, vai outro, jovem de seus 18 anos, a passar por ele. Mas quando vai a passar, tem a infelicidade do indivíduo sóbrio estar a cantar uma canção de insultos a uma qualquer progenitora. Uma vez que era ele que ali estava a passar, julgou que os insultos se dirigiam à sua, pelo que armou um bruto escândalo logo ali:
- O quê? Tás a chamar o quê à minha mãe? – perguntou em tons de indignação, enquanto a cantilena continuava.
E nisto adivinhava-se porrada, pelo que o desentendimento funcionou como um íman que atraíu pessoas aos milhões (e polícia também). Continuando, o jovem indignado continuou a refilar, até que o sóbrio se levanta e pára de cantar. E nisto adivinha-se fim de adivinhação de porrada. Mas não, o jovem empurra-o e fá-lo rebolar para a estrada bastante movimentada com carros a passar em ambos os lados a 200 à hora. Sim, se havia melhor momento para andar à bofetada era mesmo o momento em que os insultos haviam cessado. Faz sentido, primeiro não fazer nada e deixar o outro acabar os insultos, depois pôr em prática as agressões físicas necessárias para contrabalançar as verbais todas. Com uma sorte dos diabos por não ser atropelado e não ter passado nenhum carro a 200 (tal e qual como nas últimas 24h em que não verificou qualquer movimento de veículos na movimentada estrada), o rechonchudo levanta-se e tenta ripostar enchendo o pobre jovem com cevada maltada fermentada da superbock. Este ainda levou a mal e tentou dar pontapés e tal mas nada feito devido à quantidade exorbitante de pessoas que já os tentavam separar, incluindo polícia. Depois o jovem ainda foi levado pelos agentes para um local mais longe, porém ainda se conseguiu libertar e dirigir-se ao indivíduo mais forte. Resultado: ainda levou mais porrada da polícia.
Pronto, e foi mais ou menos isto. Foi bom, podia não ter acontecido nada se o jovem tivesse dois dedos de testa e reflectisse um pouco. Mas no momento em que passou pelo bêbedo ele deve ter pensado:
- Ah, este indivíduo não está nada embriagado e não está a cantar cantilenas de insultos às mães há 10 minutos, e conhece a minha mãe perfeitamente, e está a insultá-la! Ai já vais levar!
Pois é, eu também ficava bastante enfurecido se estivesse na mesma situação, é terrível quando uma pessoa conhece a nossa mãe e a insulta, e ainda por cima sóbrio! Ah mas espera, ele não estava sóbrio, nem conhecia a mãe do jovem! Hmm... talvez esteja a tirar conclusões precipitadas e tenha visto a mãe do rapaz aí na rua, enquanto andava a passear e a tenha reconhecido:
- Hmm, aquela é de certeza a mãe de um gajo que eu vou encontrar num concerto de metallica no dia 18, já ali a tender pa 19 porque já vai passar da meia noite, e de certeza que é uma granda sacana esta mãe. Vou insultá-la quando estiver bêbado e encontrar o seu filho!!!!
Parece-me perfeitamente plausível, peço desculpa ao jovem por não ter reflectido o suficiente e não ter avaliado devidamente a situação, realmente é lamentável! Porém, agora que estou do lado do mais novo e do insultado, não percebo porque é que não lhe deu ali um valente sopapo. Quando passou pelo agressor verbal ficou extremamente arreliado pela sua mãe, dando ares de superioridade física e destreza em termos de pancadaria, fiquei a pensar que dominava as artes do kickboxing, jiu jitsu, ou taekwondo, e que iria dar-se ali um massacre brutal com chaves e socos e pontapés de arrepiar a espinha, deixando o adversário a gemer no meio da rua, tentando arranjar fôlego para pedir ajuda a alguém para ligar para o 112, já que os seus dois braços partidos não iriam conseguir efectuar essa tarefa. Não, nada disso, empurrou-o. Deve ser uma nova arte marcial de empurrões, porque até o fez andar mais de 5 metros e o deitou ao chão... hmm... se calhar os 150 quilos ajudaram um bocadinho na inércia.
A mim, toda a situação me pareceu ridícula portanto. Mas não me posso queixar, se todo o mundo estivesse repleto de seres cujas cabeças funcionassem como uma cabeça inteligente e capaz de associar determinados conceitos não poderia fazer este texto ou rir-me e apreciar um belo espectáculo.
Deixo então um apelo: sejam deficientes às vezes, só mesmo a pensar noutros que estejam a assistir e tenham algo para a galhofa e entretenimento futuro.
Enfim, entrámos e tal, e apreciámos o concerto civilizadamente, como a menor parte das pessoas que lá estavam. Quando pensávamos que o dia tinha acabado e que era altura de ir para casa porque já não ia ocorrer nada de especial e que pudéssemos ficar no local para observar afinal estávamos enganados. Não quanto ao facto do dia ter acabado, porque já passava mesmo da meia-noite e já era 19, mas devido ao facto de já não haver nada mais interessante para ver. É que, de facto iria haver. Quando já havia terminado o espectacular recital e a maior parte dos bons apreciadores de música e arte já se dirigiam todos para suas casas, alguns ainda esperavam à entrada do recinto, nas estradinhas a fingir que há lá nos arredores do pavilhão atlântico. Tal como eu, certos e determinados indivíduos sentaram-se nos blocos de pedra que separam as faixas da estradinha a fingir. Destacava-se um, de seus trinta e tal anos e barriga cheiinha, pelas cantorias que entoava e pela quantidade de cereais fermentados que possuía nas mãos, que dava a perfeita indicação de sobriedade.
Ora, agora é que vou relatar o episódio brilhante:
À medida que o cidadão em perfeito estado se encontrava a cantar sentado no bloco de pedra, vai outro, jovem de seus 18 anos, a passar por ele. Mas quando vai a passar, tem a infelicidade do indivíduo sóbrio estar a cantar uma canção de insultos a uma qualquer progenitora. Uma vez que era ele que ali estava a passar, julgou que os insultos se dirigiam à sua, pelo que armou um bruto escândalo logo ali:
- O quê? Tás a chamar o quê à minha mãe? – perguntou em tons de indignação, enquanto a cantilena continuava.
E nisto adivinhava-se porrada, pelo que o desentendimento funcionou como um íman que atraíu pessoas aos milhões (e polícia também). Continuando, o jovem indignado continuou a refilar, até que o sóbrio se levanta e pára de cantar. E nisto adivinha-se fim de adivinhação de porrada. Mas não, o jovem empurra-o e fá-lo rebolar para a estrada bastante movimentada com carros a passar em ambos os lados a 200 à hora. Sim, se havia melhor momento para andar à bofetada era mesmo o momento em que os insultos haviam cessado. Faz sentido, primeiro não fazer nada e deixar o outro acabar os insultos, depois pôr em prática as agressões físicas necessárias para contrabalançar as verbais todas. Com uma sorte dos diabos por não ser atropelado e não ter passado nenhum carro a 200 (tal e qual como nas últimas 24h em que não verificou qualquer movimento de veículos na movimentada estrada), o rechonchudo levanta-se e tenta ripostar enchendo o pobre jovem com cevada maltada fermentada da superbock. Este ainda levou a mal e tentou dar pontapés e tal mas nada feito devido à quantidade exorbitante de pessoas que já os tentavam separar, incluindo polícia. Depois o jovem ainda foi levado pelos agentes para um local mais longe, porém ainda se conseguiu libertar e dirigir-se ao indivíduo mais forte. Resultado: ainda levou mais porrada da polícia.
Pronto, e foi mais ou menos isto. Foi bom, podia não ter acontecido nada se o jovem tivesse dois dedos de testa e reflectisse um pouco. Mas no momento em que passou pelo bêbedo ele deve ter pensado:
- Ah, este indivíduo não está nada embriagado e não está a cantar cantilenas de insultos às mães há 10 minutos, e conhece a minha mãe perfeitamente, e está a insultá-la! Ai já vais levar!
Pois é, eu também ficava bastante enfurecido se estivesse na mesma situação, é terrível quando uma pessoa conhece a nossa mãe e a insulta, e ainda por cima sóbrio! Ah mas espera, ele não estava sóbrio, nem conhecia a mãe do jovem! Hmm... talvez esteja a tirar conclusões precipitadas e tenha visto a mãe do rapaz aí na rua, enquanto andava a passear e a tenha reconhecido:
- Hmm, aquela é de certeza a mãe de um gajo que eu vou encontrar num concerto de metallica no dia 18, já ali a tender pa 19 porque já vai passar da meia noite, e de certeza que é uma granda sacana esta mãe. Vou insultá-la quando estiver bêbado e encontrar o seu filho!!!!
Parece-me perfeitamente plausível, peço desculpa ao jovem por não ter reflectido o suficiente e não ter avaliado devidamente a situação, realmente é lamentável! Porém, agora que estou do lado do mais novo e do insultado, não percebo porque é que não lhe deu ali um valente sopapo. Quando passou pelo agressor verbal ficou extremamente arreliado pela sua mãe, dando ares de superioridade física e destreza em termos de pancadaria, fiquei a pensar que dominava as artes do kickboxing, jiu jitsu, ou taekwondo, e que iria dar-se ali um massacre brutal com chaves e socos e pontapés de arrepiar a espinha, deixando o adversário a gemer no meio da rua, tentando arranjar fôlego para pedir ajuda a alguém para ligar para o 112, já que os seus dois braços partidos não iriam conseguir efectuar essa tarefa. Não, nada disso, empurrou-o. Deve ser uma nova arte marcial de empurrões, porque até o fez andar mais de 5 metros e o deitou ao chão... hmm... se calhar os 150 quilos ajudaram um bocadinho na inércia.
A mim, toda a situação me pareceu ridícula portanto. Mas não me posso queixar, se todo o mundo estivesse repleto de seres cujas cabeças funcionassem como uma cabeça inteligente e capaz de associar determinados conceitos não poderia fazer este texto ou rir-me e apreciar um belo espectáculo.
Deixo então um apelo: sejam deficientes às vezes, só mesmo a pensar noutros que estejam a assistir e tenham algo para a galhofa e entretenimento futuro.
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