quarta-feira, 9 de junho de 2010

Agora estamos em 2010. E daí?


























Como todos devem ter reparado, o ano mudou. Eu acho que a única diferença foi o facto de agora não meter 2009 na data e um 0 ter substituído o 9 no final e um 1 ter substituído o penúltimo algarismo que era o 0. Mas parece que existem boatos que dizem que afinal não é essa a diferença mas sim o facto de o 9 ter sido trocado pelo 10 e um dos 0 foi removido. Enfim... Contudo, é mais significativo para a humanidade que vê esta alteração como algo de muito importante e especial, dizendo inclusivé que cada ano é uma nova etapa da vida, pedindo desejos como se não houvesse amanhã, e tragando champagne que nem um ávido maluco. Agora pergunto: Isto faz algum sentido? Trago a minha sincera dúvida que muitos vão achar que é ridícula e inoportuna.
Um bom exemplo de um típico desejo de ano novo:
“Ah eu espero que em 2010 tenha melhores notas e seja um ano melhor com paz e amor, que seja um ano em que a fome no mundo acabe”
Só podem estar a mangar comigo, porque que é que isso tem de acontecer em 2010 se não aconteceu em mais ano nenhum que também desejaram isso?
“Ah 2010 é especial, dizem que um ano que tenha o algarismo 1 entre 2 zeros dá muita sorte”
Ora, o único ano em que isso acontece num futuro razoalvelmente grande é só mesmo 2010, ou seja, 2010 será o único ano no nosso tempo que vai dar sorte, segundo esta teoria. Mas não se preocupeis, porque quando chegar o 2011 dois uns depois de um zero também vão dar sorte.
Isto de pedir desejos para o novo ano é exactamente a mesma coisa que pedir desejos todos os meses, ou todas as semanas, ou todos os dias, ou todas as horas, a única coisa que muda é período de tempo.
Creio que todas estes ridículos rituais do ano novo são só um hediondo pretexto para haver mais uma festa garantida por ano, mas lá está, celebrar a passagem de ano é tão parvo como celebrar a passagem de mês:
“...3 2 1 wuoooooooo marçooooooo wuo grande mês, este mês é que é, adeus à crise e à pobreza”
Basicamente celebra-se porque o tempo passa. Muito bom, celebramos porque falta menos um ano para falecermos e menos 1 para a humanidade acabar, respectivamente ou simultaneamente. E como se não bastasse a festarola, há repouso no dia 1 de janeiro. É feriado. Porquê? Então, porque passou o ano. Vamos reflectir: 1 dia de feriado num ano corresponde a 0,274% do ano. Pegando no minucioso pensamento anterior, então se houvesse um tempo livre, correspondente ao feriado, por cada mês que passasse, 0,274% do mês seria esse útil tempo, ou seja, 0,08 dias de descanso (1 hora, 55 minutos e 12 segundos) (em meses de 30 dias). E o equivalente para a semana seriam 0,46 horas (27 minutos e 36 segundos). Seria a mesma coisa no fundo.
Para além disso é extremamente injusto porque em Portugal os cidadãos celebram 78,70 passagens de ano (é a esperança média de vida de portugal). Ora, e então aquele senhor designado de neandertal? Se celebrasse apenas as passagens de ano teria apenas 30 festins garantidos. Escandâlo! Por isso é que celebravam a passagem de quadrimestres, assim festejavam 90 vezes ao longo da vida.
Então e um indivíduo resistente que viva 500 anos? Não vai celebrar 500 vezes, isso seria um abuso e chegaria aos 200 absolutamente farto das frequentes mudanças de ano. É por isso que estes raros indivíduos celebram a passagem do lustro, que para quem não sabe é um período de 5 anos, assim são só 100 comemorações sem sentido.
Contudo este fenómeno da passagem de ano não se fica só pelos festins, há também tradições, muito adequadas a uma celebração sem sentido. A mais comum delas todas é a tal de se meter em cima de uma cadeira em pé (vejam-me bem a idiotice) e comer 12 passas e a cada uma pedir um desejo. Isto é ridículo, com uma passa uma pessoa nem sacia a fome. Foi por isso que, incoerentemente, decidi fazer este ritual mas com duas pequenas alterações, em vez de ficar em pé na cadeira, sentei-me com uma mesa à frente, e em vez de passas, comer 12 lasagnas. Posso-vos garantir que é mais puxadote que as passas. Ao fim do 8º prato já tinha enchido o primeiro alguidar ao meu lado de dejectos provenientes da minha cavidade bucal. Outra tradição extremamente credível é não começar o ano com os bolsos vazios (sem dinheiro) nem com roupa apertada, senão tornamo-nos uns pelintras de todo o tamanho durante o resto do ano. Por essa lógica eu estaria um pelintra de tal ordem que nem dinheiro teria para comer o meu croissant com chocolate matinal, e portanto ficaria com fome, e faleceria. Como podem comprovar a olho nu, ainda não faleci, logo esta tradição é provavelmente uma farsa.
E ainda há quem diga que usar uma nova peça de roupa no primeiro dia de ano novo também dá sorte, especialmente se forem cuecas, e azuis. E para ter sorte de cariz económico basta vestir uma peça amarela, e ter uma nota no sapato. Sim, e se se vestirem todos de vermelho e forem para uma praça de touros têm sorte de cariz suicidico.
Mas falta a cereja no topo do bolo. É a acefalia de fazer o maior ruído possível com tachos, de preferência na rua. Alegadamente, isto serve para afastar maus espiritos e o novo ano ser livrado de todo o mal. Acho que vou começar a andar com tachos para sempre para, assim que me estiver alguma coisa a correr mal, afastar os maus espiritos.
“Epá não consigo fazer a 2.1 do teste de matemática e só faltam 2 minutos para acabar, é melhor fazer um pouco de cagarim com tachos da tefal”. Duvido que tivesse algum sucesso, e creio que me anulariam o teste ou me confiscariam os tachos, o que seria aborrecido porque já não poderia lutar contra os insistentes espiritos malditos.
Só não falo de outras porque a minha taxa de audição de tradições estúpidas está quase a roçar no máximo, porque ainda há muito mais.
Porém, há uma tradição que pouca gente conhece e ao fazê-lo tornamo-nos o próximo fenómeno mundial (pessoas como barack Obama, Cristiano Ronaldo fizeram este ritual): consiste em 2 mesas e uma estante de 4 prateleiras.
Primeiro começa-se num apoio facial invertido sobre a primeira mesa com 501 chocolates milka e 3 secadores. Fazendo 3 mortais à retaguarda partindo da primeira posição, aterrar na segunda mesa com 300 penicos de polietileno tereftalato e 5 guarda roupas ao alto. Depois da aterragem na 2ª mesa que tem de ser efectuada apenas com o apoio do dedo mindinho, trepar a estante até ao topo. A estante tem de possuir: na primeira prateleira 4 exemplares d’ “Os Lusíadas” com a folha 101 rasgada a metade, na segunda, uma espingarda de canos cerrados, na terceira, 5 pontas de lança em sílex neolítico e na quarta 3 pratos de sopa cheios até ¾, com canja de galinha com 5% frango.
Resumindo, isto serve para se ser o ser humano mais bem sucedido do ano em que fizerem isto no primeiro dia de Janeiro. Só uma pessoa pode ser a melhor num ano por isso se mais do que uma pessoa fizer isto no dia 1 de Janeiro, apenas conta a que primeira que ligou a televisão no canal 3 depois de tudo feito.
Não adiram a tradições nem a passagens idiotas. Que a vossa pessoa reflicta o sentido inerente ao homem.




Leiam este texto como se estivessem em janeiro se faz favor

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