quarta-feira, 9 de junho de 2010

Se lerem isto o mundo explode
























Como todos sabem, a extraordinária televisão é vista e/ou ouvida por imensas pessoas e isso significa que este meio de comunicação começa a ter um estrondoso impacto sobre tudo e todos. É magnífico o que um simples aparelho pode influenciar. Ora bom, precisamente por causa deste facto há-que censurar algumas coisas na televisão para não afectar as frágeis pessoas que estão do lado de lá do ecrã.
Eu, espectador assíduo da caixinha mágica que não faz magia nenhuma, já presenciei uma censura bastante caricata: a censura de sangue. Mas não era o tipo de sangue que jorra infinitamente aquando de uma brutal decapitação, não, nada disso, era apenas o sangue de uma ferida com 5 mm2 de área, com umas meras pingas de sangue no solo.
Isto é o cúmulo, mas qual a razão por detrás disto? Agora ver pingas de sangue é mau e fere a sensibilidade? Até parece que não há disso lá fora. Sangue é o que não falta nos dias de hoje. Qualquer dia não podemos ver sangue em nenhuma ocasião e temos de andar todos com vendas nos olhos quando saímos de casa não vá um indivíduo com um gigante arranhão de 1 mm na cara, passar por nós, ou um com uma borbulha infectada. A vida lá fora é um perigo, um autêntico perigo. Como é que ainda não nos obrigaram a usar uma venda na cara? É uma grave lacuna. Todos devíamos usar vendas, até mesmo os condutores. Imaginem lá que o condutor atropela alguém e esse alguém salpica-lhe o vidro da frente com sangue. Não pode ser! É demasiado chocante. Há-que usar vendas para não ferir susceptilidades.
Porém, é curioso porque há uns anos atrás parece que o pessoal era mais rijo, e isto porquê? Porque acho que o sangue até era normal e as pessoas podiam vê-lo sem desmaiar. Até gostavam de o ver, andavam sempre em guerras corpo a corpo dilacerando tudo o que viam à frente em cima dos seus maravilhosos cavalos também cheios de sangue espichado. Até as crianças eram treinadas para fazer isso e acham que uma gotinha de sangue os intimidava? Pelo contrário, quando viam uma sentiam-se logo orgulhosos por terem feito derramar uma. E nem é preciso recuar a esses tempos medievais, basta recuar ao século passado em que o sangue ainda não era censurado e todos conviviam bem com ele, até era uma espécie de amigo porque avisava quando tinham ido longe demais ao usar a faca, funcionava como alerta (acho que ainda há gente que não sabe deste carácter informativo do sangue). Agora não, não, qualquer dia chega um indivíduo a adulto sem ter visto uma gotícula vermelha do seu próprio organismo.
Será que o sangue era diferente, era um sangue menos chocante do que o actual? É que o actual tem um efeito mesmo forte.
Ah, mas espera lá, a televisão também não é aquele aparelho que transmite conteúdos violentos considerados chocantes? Ah malvados, a tentarem fazer sucumbir aqueles que vêem esses conteúdos. Por um lado protegem-nos dos perigos e por outro mostram-nos sem piedade. Isto trata-se claramente de uma antítese televisiva. Os programadores de televisão estão a evoluir bastante, até já usam figuras de estilo.
De facto, esta antítese enriquece bem a televisão na medida em que o choque aquando do visionamento de uma cena mais vermelha. Ou então para prender os telespectadores ao ecrâ, porque como não sabem o que é aquele líquido encarnado, continuam a ver o programa para descobrir o que é o tão misterioso fluido.
Possuo um conselho: tratem-se. E façam o favor de ser coerentes que também dá um jeito tremendo.
Com este pequeno texto posso concluir não só que a mentalidade do ser humano parece que está a regredir mas também que os programadores televisivos de hoje dariam bons poetas devido à riqueza das suas figuras de estilo.



(Se leram isto e o mundo não explodiu é porque alguém leu ao mesmo tempo um texto intitulado: "Quem ler isto faz com que as pessoas que leram coisas que fazem com que o mundo expluda não provoquem a explosão do mundo")

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