Agradecer é boa educação. E todo o comum mortal que fale a língua tão designada de lusa já agradeceu sob a forma de um “obrigado”. Mas provavelmente muito poucos sabem a origem desta palavra de agradecimento e dizem obrigado como podiam dizer frango assado. Claro que dizer frango assado seria assaz interessante na medida em que é um excelente cozinhado especialmente com uma bela e salgada guarnição de batatas fritas.
- Ah ajuda-me, estou quase a falecer... – pede, num estado inglório e numa situação bastante complicada.
- Ok, já está.
- Frago assado, muito frango assado.
Seria tão semelhante que se trataria apenas de uma questão de hábito para não ser olhada com face jocosa.
Mas obviamente que o agradecimento mais comum tem um significado e origem que fazem jus a um sentido extremo e esse obrigado é a abreviatura de um expressão cuja mensagem geral é: Obrigado a retribuir o favor.
Isto leva-nos ao real sentido do agradecimento, em que a pessoa que é amavelmente ajudada por outra é obrigada a retribuir essa ajuda se disser obrigado. Ora, claro que pode fazer sentido porque quando alguém nos faz um favor é bonito nós também ajudarmos se o mesmo indivíduo precisar.
Porém, há limites mínimos de moralidade. Perante a questão: Devemos retribuir com um favor do mesmo tipo ou não é preciso? Eu respondo:
À vista desarmada provavelmente dirão que não é preciso. Então imaginemos a seguinte situação:
Um ser humano realiza um salvamento de risco extremamente elevado acabando mesmo com sucesso, resguardando o seu companheiro, de mesma e tão egoísta espécie, de um precipício de profundidade infinita, levando a uma morte desagradável por asfixia ou, se forem resistentes, a uma morte à sede ou à fome. E o corpo putrefacto continuaria a cair para sempre, nem dando para efectuar um funeral. Como é que este, que quase morreu, iria retribuir partindo do princípio que responderia obrigado?
Auxiliando-o nos trabalhos de casa de matemática. É justo. Até porque se o outro chumbar a matemática fica com negativas suficientes para ter de repetir o ano, e perde um ano de vida a estudar para ter de o fazer de novo, ficando frustrado devido a isso, chumbando outra vez por estar demasiado frustrado até que já tem 40 e tal anos e apercebe-se que ainda não acabou o 6º ano, acabando por morrer debaixo da ponte.
Portanto, para um grande favor temos de devolver um grande favor, senão somos imorais e más pessoas.
Contudo, isto tudo encaminha-nos para uma faceta interessante do Obrigado, que é a do egoísmo psicológico. Acabamos por efectuar boas acções só para que o outro faça o mesmo. Sim, porque quando fazemos algo por alguém e o nosso órgão auditivo não detecta imediatamente uma vibração do ar que forme a palavra Obrigado, ficamos ainda expectantes para que o sentido do favor se complete e se passar um tão longo tempo em que já é uma falta de noção dizê-la, atiramos:
- Então e um obrigado não?
No fundo estamos a obrigar a obrigá-lo a fazer uma coisa do nosso agrado no futuro, apenas porque nós também o fizemos. Em seguida, o indivíduo, de facto, retribui e obriga-nos a esboçar um obrigado. E a partir daqui é infinito, é uma cadeia que se estende para além do que é imaginável, e claro, da vida humana. Ou seja, a última pessoa que tiver agradecido e não tiver retribuído antes de falecer é um falso. A não ser que a palavra não valha nada para esse ser. Que saudade dos tempos medievais, não pelas guerras corpo a corpo a torto e a direito, levando a cabeças jorrantes e mortes fascinantes ao vivo, mas sim pelo valor que a palavra de alguém tomava nestes tempos, em que quem dava a sua palavra era uma pessoa claramente verdadeira e honesta.
Mas, apesar desta reflexão profunda acerca do obrigado, apercebo-me que para muitos isto não faz sentido porque nem sequer sabem conjugar o género da palavra.
Supostamente existem duas formas, obrigado e obrigada. Indivíduos do sexo feminino pronunciando obrigado nem me faz muita confusão, apesar de estar errado. Agora, especimens do sexo masculinos referindo obrigada..., isso, para mim, é repugnante. É que está incorrecto, como já puderam reparar pela origem da expressão.
E até faz sentido dizer obrigado quando se é homem, vamos lá a ver:
Os seres do sexo masculino referem muitos adjectivos no masculino: estou nervoso; epá eu sou mesmo bom; no outro dia fui obrigado a limpar a mesa. Mas depois, quando estão a agradecer, dizem (por favor leiam a próxima palavra com um tom homossexual): obrigada.
Não compreendo, e reparem no último exemplo que dei (fui obrigado a limpar a mesa). É o mesma palavra, a diferença é que conseguem acertar todas as vezes menos quando estão a agradecer, devem pensar que é uma palavra diferente... Ridículo. E até são capazes de afirmar: estou agradecido. Que falta de coerência que impera nos dias de hoje, o que nos remete para o estado em o mundo está hoje: absolutamente perdido.
São as pequenas coisas que nos levam a grandes feitos. Pode não parecer mas é verdade.
Tudo isto para vos informar da origem da palavra obrigado e para que a usem sabiamente nos momentos mais oportunos, e conjugado da maneira correcta.
Epa, isto ta mesmo fixe, Preto. Ganda génio. Obrigada por estes textos!! :P
ResponderEliminarAi, vou ter um ataque...
ResponderEliminarVê lá. Tem calma, vou ligar a um amigo meu que é cardiologista
ResponderEliminarPensava que tu também eras cardiologista, não fazias de tudo?
ResponderEliminarEpa, tou de ferias, agora saía daqui para ir po hospital. Até parece que vou tirar o doente da forca ou assim
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